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quinta-feira, 21 de julho de 2016

Sobre a blasfêmia contra o Espírito Santo



por:
José Augusto de Oliveira Maia
21.07.2016


INTRODUÇÃO

O propósito deste texto é estudar a questão da blasfêmia contra o Espírito Santo, conforme tratada por Jesus em Mateus 12:22 - 37. A versão básica adotada do texto bíblico será a Nova Versão Internacional (NVI).

O CONTEXTO

A narrativa do texto começa com um endemoninhado cego e mudo, que trazido a Jesus, é libertado da possessão demoníaca, recuperando a capacidade de ver e falar (v. 22); tal fato motiva os comentários entre o povo, que perguntava: “Não será este o Filho de Davi?” (v. 23); ou seja, o povo começava a pensar se Jesus não seria o Messias prometido no Antigo Testamento (A. T.).

Porém, em reação a estes comentários, os fariseus que estavam presentes começaram a dizer: “É somente por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios.” (v.24). O objetivo dos fariseus, sem dúvida, era difamar Jesus contra as expectativas que surgiam entre o povo.

A TRATATIVA DE JESUS

Graças à sua onisciência, sabendo dos pensamentos dos fariseus, Jesus começa a expor o engano da afirmação dos fariseus: “Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá. Se Satanás expulsa Satanás, está dividido contra si mesmo. Como, então, subsistirá seu reino?” (v. 25, 26); através da pura argumentação lógica, Jesus demonstra que a afirmação dos fariseus não se sustenta; em outras palavras, Satanás não pode esperar obter êxito se guerreia contra si mesmo; portanto, não pode ser por Belzebu que Jesus expulsa os demônios.

Revertendo a afirmação dos fariseus contra eles mesmos, Jesus continua: “E se eu expulso demônios por Belzebu, por quem os expulsam os filhos de vocês? Por isso, eles mesmos serão juízes sobre vocês.” (v. 27); a acusação dos fariseus se volta contra os exorcismos praticados por seus próprios filhos (ou discípulos, conforme a nota de rodapé da NVI), e portanto, eles mesmos colocam-se em uma situação muito vulnerável.

Jesus então continua: “Mas se é pelo Espírito de Deus que eu expulso demônios, então chegou a vocês o Reino de Deus. Ou, como alguém pode entrar na casa do homem forte e levar dali seus bens, sem antes amarrá-lo? Só então poderá roubar a casa dele.” (v. 28, 29); uma vez que não é por Belzebu que Jesus expulsava os demônios, então a alternativa é pelo Espírito de Deus, e portanto, o Reino de Deus está presente.

Jesus prossegue: “Aquele que não está comigo, está contra mim; e aquele que comigo não ajunta, espalha. Por esse motivo eu lhes digo: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada. Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem falar contra o Espírito Santo não será perdoado, nem nesta era nem na que há de vir. Considerem: uma árvore boa dá fruto bom, e uma árvore ruim dá fruto ruim, pois uma árvore é conhecida por seu fruto. Raça de víboras, como podem vocês, que são maus, dizer coisas boas? Pois a boca fala do que está cheio o coração. O homem bom do seu bom tesouro tira coisas boas, e o homem mau do seu mau tesouro tira coisas más. Mas eu lhes digo que, no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado. Pois por suas palavras vocês serão absolvidos, e por suas palavras serão condenados.” (v. 30 – 37).

Assim, a acusação dos fariseus voltava-se na verdade contra o Espírito Santo e a obra que Ele realizava no ministério de Jesus; por isso, a resposta de Jesus sobre a blasfêmia contra o Espírito Santo desmascara os fariseus, ao mostrar que suas atitudes eram originárias de um coração mau, e que suas palavras os condenariam no dia do juízo.

Não há uma posição de neutralidade entre o Reino de Deus e as obras de Satanás: estar contra o primeiro é estar automaticamente ao lado do segundo; nas palavras de R. V. G. Tasker, “tentar impedir que homens e mulheres aceitem a Jesus como o seu Rei, como os fariseus tentaram fazer, é desintegrar e dispersar os que doutra forma seriam “filhos do reino”, fruindo o domínio deste reino nos seus corações – e esse é o principal objetivo do diabo.” (1).

Os fariseus blasfemaram contra o Espírito Santo ao acusarem a obra que Jesus estava realizando de ter origem demoníaca, apesar do milagre notório que haviam presenciado; como demonstrado pela argumentação lógica inicial de Jesus, a acusação deles não era verdadeira, pois não fazia sentido; ato contínuo, Jesus os acusa de terem um coração perverso, longe de Deus, o que motivou a acusação que fizeram, tentando atribuir as obras do ministério de Jesus ao diabo, para que o povo não cresse n’Ele.

O que caracteriza uma blasfêmia contra o Espírito Santo “é a rejeição deliberada e consciente da atividade de Deus, e a atribuição desta atividade ao diabo. (...) É a natureza plenamente consciente, deliberada e arrogante deste pecado que o torna imperdoável  (...)  Pela própria definição, portanto, ninguém que se preocupa por pensar ter cometido este pecado poderia ter pecado assim, pois este próprio pecado anula uma consciência perturbada." (2).

Ou seja, o coração daquele que efetivamente tiver cometido o pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo, jamais poderá ser incomodado pelo próprio Espírito em busca de arrependimento; aqueles que, sinceramente, são estimulados ao arrependimento e à renovação de suas vidas espirituais pelo Espírito Santo, em subordinação à Palavra de Deus, não têm porquê preocupar-se com a hipótese de ter blasfemado contra o Espírito Santo, nem de estar afastados da Graça de Deus.

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https://www.clubedeautores.com.br/book/181552--A_FE_CRISTA?topic=teologia#.V9g4Yh4rLIU

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    (1)  TASKER, R. V. G.  “Mateus – Introdução e comentário” – Tradução de Odayr Olivetti -  Ed. Vida Nova – 1ª edição, 1980; reimpressão, 2011 – páginas 101 a 103

     (2) – ELLWEL, Walter A. “Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã” – Tradução de Gordon Chown - Ed. Vida Nova - 1ª edição, reimpressão em 1 volume, 2009 – volume 1, pg. 164 e 232






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