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terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Cristianismo Verdadeiro - 2ª parte



por:
José Augusto de Oliveira Maia
02.01.2016





SÉRIE DE ESTUDOS SOBRE O LIVRO "CRISTIANISMO VERDADEIRO", DE WILLIAM WILBERFORCE(*)

CAPÍTULO II - conceitos inadequados acerca da natureza humana

Continuando esta série de estudos, nosso autor nos convida a analisarmos os conceitos sobre a natureza humana, defendidos por cristãos nominais; este assunto, muitas vezes negligenciado, é de suma importância para uma vida cristã de acordo com a Palavra de Deus, a Bíblia.

Embora até mesmo cristãos nominais reconheçam as falhas da natureza humana, seus vícios, sua depravação, enfim, sua inadequação e ofensa à santidade de Deus, o grande equívoco deles sobre esta questão é não colocá-los no lugar certo, isto é, em sua verdadeira origem.

Em geral, o cristianismo nominal enxerga os vícios da natureza humana como "fraqueza e debilidade, transgressões triviais, fracassos ocasionais"; o uso de tais termos, nos diz Wilberforce, mantém "a verdadeira fonte do mal fora do campo de visão. Pois eles não querem ter a sua compreensão abalada; na verdade, querem dar consolo ao orgulho da natureza humana. (...) O vício, para eles, é um evento acidental e temporário, ao invés de uma desordem constitucional e habitual." (pág. 28).

No entanto, a verdadeira doutrina cristã sobre a natureza humana, alicerçada na Bíblia, ensina "que o Homem é uma criatura apóstata." A Humanidade "caiu de seu estado original, que era elevado." O ser humano tornou-se "degradado em sua natureza e depravado em suas faculdades. Ele não tem disposição para o bem, e tem disposição para o mal. Inclinado ao vício, para ele é natural e fácil pecar. Não dado à virtude, é difícil e árduo para ele persegui-la. Ele está corrompido pelo pecado, não leve e superficialmente, mas radicalmente, e no cerne de seu ser." (pág. 28).

Apesar de enxergarmos no Homem características realmente positivas, como a capacidade de aprendizado, organizar-se em sociedade, dirigir, ainda que parcialmente, suas emoções, "Como sua razão está nublada, seus sentimentos pervertidos, sua consciência entorpecida! Como a ira, a inveja, o ódio e a vingança brotam de seu peito infeliz! Como ele é escravo de seus apetites mais mesquinhos! Quantas inclinações fatais para o mal são descobertas por ele! Tamanha é a sua inabilidade para o bem!" (pág. 29).

Olhando para o passado, o autor vê que tanto nas nações mais primitivas quanto naquelas consideradas civilizadas, a corrupção da natureza humana estava presente. "Eis suas idolatrias embriagadas, suas superstições absurdas, sua carência de sentimentos naturais, seus excessos brutais, sua opressão insensível, sua crueldade selvagem! (...) Paulo descreve melhor os fatos, e fornece a explicação: 'Visto que desprezaram o conselho de Deus, ele os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que não deviam.' (Romanos 1:28)." (pág. 30).

Mesmo entre os cristãos nominais, que têm no Evangelho seus princípios de obediência, e do qual procedem terríveis punições sobre a rebelião contra Deus, "a despeito de todo o nosso conhecimento, nosso progresso na virtude tem sido muito pequeno. (...) O que dizer dos vários enganos que praticamos contra nós mesmos? O próprio cristianismo tem sido desonrado por esse tipo de corrupção. O Evangelho da paz tem se tornado uma máquina de crueldade. Em meio à amargura e à perseguição, todos os traços de um espírito compassivo e benevolente têm desaparecido da religião de Jesus." (págs. 31, 32).

Por outro lado, os cristãos verdadeiramente nascidos de novo reconhecem dentro de si uma batalha; " 'o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo' (Romanos 7:19). Na linguagem do puritano Richard Hooker, 'os pequenos frutos que obtemos com a santidade são, Deus sabe, corruptos e doentios. Não colocamos jamais a confiança neles. Não desafiamos nada no mundo por eles. Ousamos não clamar a Deus para ajuste de contas, como se o tivéssemos em nossos livros contábeis. Nossa demanda contínua para com Ele é, e deve ser, que carregue nossas enfermidades e perdoe nossa ofensas.' " (pág. 33).

A Bíblia, em todo seu contexto, expõe a falência da natureza humana, falência esta causada pelo pecado:

"O seu coração é inclinado para o mal desde a infância." (Gênesis 8:21)

"Como o Homem pode ser puro? Como pode ser justo quem nasce de mulher? (...) Quanto menos o Homem, que é impuro e corrupto, e que bebe iniquidade como água." (Jó 15:14, 16)

"Sei que sou pecador desde que nasci, sim, desde que me concebeu minha mãe." (Salmo 51:5)

"Quem poderá dizer: 'purifiquei o coração; estou livre do meu pecado.'?" (Provérbios 20:9)

"Miserável Homem que sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?" (Romanos 7:24)

Portanto, uma necessidade de mudança, um novo nascimento providenciado pela Graça de Deus e pela fé no sacrifício de Cristo, é mais do que evidente!

Porém, além de nossa natural inclinação para o mal, recebemos continuamente as setas da tentação enviadas pelo inimigo de nossas almas, Satanás. "Sejam sóbrios e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar." (I Pedro 5:8).

Conforme Wilberforce diz, "A existência e a ação do Espírito Maligno, embora distinta e repetidamente confirmada nas Escrituras, estão quase que universalmente desacreditadas em um país que professa admitir a autoridade da Bíblia. (...) Nós o consideramos como um preconceito quase que invisível, e uma doutrina que é um descrédito para qualquer Homem esclarecido crer." (pág. 35).

Contudo, além da afirmação da Bíblia sobre a existência e operação de Satanás e seus demônios, Wilberforce apresenta a ideia de que, até mesmo analogamente, podemos confirmar sua existência. "Observamos que há Homens perversos que são inimigos de Deus. E enxergamos seus comportamentos malignos para com outras criaturas, suas companheiras na Criação; ele têm prazer, e na maioria das vezes, conseguem seduzir outros ao compromisso com o mal. Por que então não crer que haja inteligências espirituais de inclinações similares que, agindo do mesmo modo, tenham permissão de tentar os Homens para a prática do pecado?" (págs. 35, 36).

Mas nossa própria natureza decaída e pecaminosa nos leva a buscarmos justificação terceirizando nossa culpa; ainda segundo o autor do livro, " 'Qualquer coisa que eu seja', ele argumenta, 'sou aquilo que o meu Criador me fez. Eu herdo uma natureza, a qual você reconheceu ser depravada e inclinada para o mal. (...) Um Ser de infinita justiça e bondade nunca me julgará por uma regra que seja imparcial no caso das criaturas de natureza mais elevada, mas que seja totalmente desproporcional para mim.' " (pág. 37). 

No entanto, a Palavra de Deus adverte:

"Quando alguém for tentado, jamais deverá dizer: 'Estou sendo tentado por Deus.'; pois Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta." (Tiago 1:13)

"Ele (Deus) é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento." (II Pedro 3:9)

"Teria eu algum prazer na morte do ímpio? Palavra do Soberano, o Senhor. Ao contrário, acaso não me agrada vê-lo desviar-se dos seus caminhos e viver? (...) Pois não me agrada a morte de ninguém. Palavra do Soberano, o Senhor. Arrependam-se e vivam!" (Ezequiel 18:23, 32).

Diante de nossa situação, tão patente nas Escrituras, de condenação eterna por nossa natureza pecaminosa, e por nossa inexorável inclinação ao mal, somos amorosamente exortados a abandonar toda a pretensão humana de agradarmos a Deus por nossos próprios esforços, e prostrarmo-nos diante de Deus, reconhecendo nossa culpa e nossos pecados, buscando refúgio em Sua Maravilhosa Graça, manifesta no sacrifício de Cristo, "que pelo Espírito eterno se ofereceu de forma imaculada a Deus, purificará a nossa consciência de atos que levam à morte, de modo que sirvamos ao Deus vivo!" (Hebreus 9:14).


(*) - WILBERFORCE, William "Cristianismo Verdadeiro"; Editora Palavra, 2006; tradução de Jorge Camargo


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