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quinta-feira, 7 de maio de 2015

Série de estudos sobre a Bíblia - introdução


por: José Augusto de Oliveira Maia
04.05.2015

SOBRE O FUNDAMENTO DOS APÓSTOLOS E PROFETAS

O objetivo desta nova série de estudos sobre a Bíblia é apresenta-la àqueles que ainda não a conhecem, falando sobre seu conteúdo, a história de sua composição, e principalmente, ressaltar a autoridade da Bíblia como Palavra de Deus, divinamente inspirada aos homens que Ele escolheu para que a escrevessem.

Gostaria de começar este estudo tomando como texto base a referência de II Pedro 1:16 - 21; neste texto, o apóstolo Pedro ressalta que sua pregação do Evangelho não se baseava em estórias inventadas, mas era resultado de um testemunho pessoal da glória de Deus, que ele viu manifestada em Cristo; neste ponto, o apóstolo refere-se à passagem do monte da transfiguração (Mateus 17:1 - 8), quando ele, João e Tiago viram Jesus transfigurado e Moisés e Elias apareceram.

Esta experiência levou o apóstolo a uma fé ainda maior nas Escrituras, especialmente nas profecias acerca da vinda de Cristo, vendo em Jesus o cumprimento destas profecias; Pedro então ressalta a inspiração e autoridade divinas das Escrituras, que para eles, cristãos do século I, eram o Antigo Testamento.

A partir do capítulo 2, Pedro adverte contra aqueles que distorcem a Verdade por motivos gananciosos, inventando estórias e desviando os incautos do caminho de Deus; a destruição destes hereges é comparada com outros eventos, como os anjos que se rebelaram contra Deus (versículo 4), o Dilúvio (versículo 5) e Sodoma e Gomorra (versículo 6).

Já no capítulo 3:1 - 13, Pedro exorta seus leitores a recordarem as palavras dos profetas, do Senhor Jesus e dos apóstolos; contra aqueles que questionam o cumprimento das profecias dadas por Deus, especialmente quanto ao juízo final, Pedro destaca o que eles dizem, que "desde que os antepassados morreram, tudo continua como desde o princípio da criação", e traça um paralelo interessante com o Dilúvio; na época do Dilúvio, o mundo também já existia há muito tempo, cerca de 1.600 anos a partir da criação de Adão, e nem por isso, Deus deixou de destruir a Humanidade rebelde; tudo parecia tão estável, mas o castigo veio da mesma maneira. Considerando isto, o apóstolo adverte que Deus não está limitado ao tempo como nós, e que sua paciência demonstra claramente seu desejo de que todos venham a se arrepender; a certeza acerca das Escrituras deve ser um estímulo à vida de piedade, em preparação para o juízo que Deus trará sobre Sua criação.

E dos versículos 14 a 18, Pedro cita as cartas de Paulo, nas quais o outro apóstolo defende os mesmos princípios; desta forma, Pedro defende a mesma autoridade das epístolas paulinas, igual a autoridade que possuem as demais Escrituras, e prevê o mesmo castigo para aqueles que distorcem e desacreditam tanto umas quanto as outras, aos quais chama de ignorantes e instáveis; Pedro conclui sua carta dizendo que, aqueles que sabem estas coisas, devem se guardar para não serem levados pelo erro destes imorais, perderem a firmeza e caírem; nossa arma nesta luta é o crescimento na Graça e no conhecimento de Cristo.

APLICAÇÃO PRÁTICA

Não é incomum, nos dias de hoje, encontrarmos pessoas que, como no tempo dos apóstolos, desdenham a Bíblia; de certa forma, surpreende-nos a precisão como, à semelhança do que acontecia no passado, hoje se cumpre o que o apóstolo Paulo previu há quase dois mil anos, em II Timóteo 3:1 - 4:4; a destruição destes, como Pedro disse, já há muito tempo está guardada (II Pedro 2:3), e mais do que nunca, nós devemos estar atentos para não sermos levados pelo engano destes.

A ORIGEM DAS ESCRITURAS

Como os cristãos do século I usavam as escrituras do Antigo Testamento em sua liturgia e adoração, tendo-as herdado do judaísmo como Palavra de Deus, vamos nos concentrar aqui na formação do Novo Testamento.

Ainda no século I, e mais intensamente no século II, conforme o apóstolo Pedro previra (II Pedro 2:1 - 3), várias heresias começaram a penetrar entre os cristãos, e ameaçavam afastar os discípulos do caminho da fé; sem entrar em muitos detalhes aqui, temos alguns exemplos destas heresias, como o gnosticismo, o ebionismo, o montanismo, o monarquianismo, o maniqueísmo e o neoplatonismo. Para combater estas heresias, e para defender o fundamento escriturístico e doutrinário da mensagem do Evangelho e da fé cristã, os líderes da Igreja começaram a preocupar-se em reunir um conjunto de escritos que pudessem refletir de forma clara e fiel a doutrina recebida dos apóstolos, e combater os falsos ensinos; para definir quais textos seriam aceitos e quais seriam rejeitados, alguns critérios foram adotados:

a) segurança quanto à autoria apostólica do texto, ou de alguém muito próximo dos apóstolos

b) reconhecimento e aceitação do texto pela comunidade cristã em geral

c) coerência dos textos com o Antigo Testamento, com o ensino apostólico e entre si

Serviu como referência de autoridade no reconhecimento destes textos o parecer de homens chamados de pais apostólicos, que no século II, através de seus escritos, puderam validar aqueles textos dos Evangelhos e das epístolas que circulavam entre as comunidades cristãs; foram homens como Clemente de Roma, Inácio de Antioquia e Policarpo de Esmirna, bispos de suas comunidades, e que haviam convivido com os apóstolos.

Já no século III, um teólogo da Igreja em Alexandria, no Egito, chamado Orígenes, pesquisou entre as comunidades cristãs os textos que eram usados, e listou os mais aceitos; naquela lista figurava a maior parte dos livros que compõem o Novo Testamento de hoje.

No século IV, Eusébio, bispo de Cesareia, montou uma lista, na qual estavam presentes basicamente os mesmos textos da coletânea feita por Orígenes; no ano 367, o bispo Atanásio, de Alexandria, em sua "Carta de Páscoa", listou os 27 livros que hoje fazem parte do Novo Testamento.

No ano 419, um concílio de bispos reunido na cidade de Cartago, norte da África, aprovou definitivamente a lista de Atanásio.

Assim, podemos perceber claramente que não foi de uma hora para outra que se definiu o conteúdo do Novo Testamento, mas através de um longo e cuidadoso processo este conteúdo chegou às nossas mãos.

ESTRUTURA E CONTEÚDO DA BÍBLIA

 De forma sintética, a Bíblia apresenta uma estrutura e conteúdo conforme descrito abaixo:

ANTIGO TESTAMENTO

Composto por 39 livros, apresenta a criação do Universo e da Humanidade por Deus; a queda da Humanidade no pecado; a chamada de Abraão; a formação e a História de Israel, povo descendente de Abraão. 

O Concílio de Trento, realizado pela Igreja Católica entre os anos de 1.545 e 1.563, incluiu outros textos no Antigo Testamento, porém não iremos considerá-los aqui; poderão ficar para um próximo estudo no futuro.

O centro da mensagem do Antigo Testamento está na Lei dada por Deus ao povo de Israel através de Moisés, e na promessa de um redentor.

Seus livros são agrupados da seguinte forma:

Livros da Lei - de Gênesis a Deuteronômio

Livros Históricos - de Josué até Ester

Livros Poéticos - de Jó a Cantares

Profetas Maiores - de Isaías a Daniel

Profetas Menores - de Oseias a Malaquias

NOVO TESTAMENTO

Composto por 27 livros, e ambientado no século I do Cristianismo, apresenta a mensagem de Jesus como o redentor prometido no Antigo Testamento, e a nova aliança anunciada por Deus à Humanidade, através da fé em Jesus Cristo.

Seus livros estão agrupados da seguinte forma:

Evangelhos - de Mateus a João

Histórico - Atos dos Apóstolos

Epístolas de Paulo - de Romanos a Filemon

Epístolas Gerais - de Hebreus a Judas

Profético - Apocalipse


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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA PARA ESTE ESTUDO

"História Eclesiástica", de Eusébio de Cesareia - Ed. Novo Século

"A Bíblia e sua História", de Stephen M. Miller e Robert V. Huber - Sociedade Bíblica do Brasil

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