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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Série de Estudos sobre o Livro do Apocalipse - 2ª parte


por: José Augusto de Oliveira Maia
25.08.2014


Uma visão da glória de Deus 


No capítulo quatro do Apocalipse, João descreve uma visão que teve da glória de Deus no céu; é muito importante o final deste capítulo, pois ele apresenta de forma clara Deus como criador de todas as coisas, e que tudo que existe, só existe por que Deus quer; isso lhe dá autoridade para julgar o mundo, e conduzir as coisas conforme Sua vontade; em outras palavras, Deus é soberano, e ninguém pode lhe fazer oposição sem enfrentar sua ira e receber seu castigo (Apocalipse 4:1 a 11).

Uma visão de Jesus Cristo 

Após ter visto a glória de Deus, João tem uma segunda visão, que começa descrevendo um livro em forma de rolo, na mão de Deus; como todo livro, nela havia coisas escritas, mas que só poderiam ser lidas após sua abertura. Porém, o livro estava selado; na época da visão do Apocalipse, os livros em formato de rolo eram o padrão, e dependendo do caso, poderiam receber, na sua borda exterior, selos de cera; assim, o rolo que João viu na mão de Deus estava selado, e o conteúdo deste rolo não poderia ser lido, pois não se encontrava ninguém que pudesse romper os selos e revelar seu conteúdo (Apocalipse 5:1 a 4). 

Então, um dos personagens que João viu na glória de Deus, um homem idoso (ancião), apresenta a João alguém digno de romper os selos, ou seja, alguém que poderia revelar o conteúdo deste rolo; ele é apresentado com os títulos de Leão da Tribo de Judá, a Raiz de Davi, nomes que diziam respeito a elementos da cultura judaica antiga. João vê alguém que ele descreve como “um Cordeiro que parece ter estado morto”; ele aproximou-se e recebeu diretamente da mão de Deus o rolo; e ao recebê-lo, os personagens presentes na glória de Deus reconhecem publicamente que o Cordeiro que recebeu o rolo da mão de Deus era digno de abri-lo; da mesma maneira, anjos do céu honram este mesmo Cordeiro; e depois, João descreve que todas as criaturas no mundo honram este mesmo Cordeiro (Apocalipse 5:5 a 14). 

Este Cordeiro é Jesus Cristo (João 1:29). E o que o tornou digno de receber o livro e abrir os seus selos, foi o fato de ter sido morto em prol da salvação da Humanidade, oferecendo a si mesmo para Deus como um sacrifício que Ele poderia aceitar, para perdoar os pecados da Humanidade (Apocalipse 5:9). Através de seu sacrifício na cruz, Jesus Cristo passou a ser o único digno de revelar a vontade de Deus à Humanidade, ou seja, o único capaz de reaproximar o ser humano pecador de Deus. 

O Cordeiro abre os selos 

Uma das coisas que mais desperta curiosidade nas pessoas sobre o Apocalipse de João, é descobrir o significado das diversas visões simbólicas que João narra, a ordem dos fatos, e principalmente, entender se já aconteceram, se estão acontecendo, ou se ainda irão acontecer; esta curiosidade fica ainda maior a partir do capítulo 6. 

Porém, como as visões de João são simbólicas, é muito difícil interpretá-las de forma cem por cento segura e precisa; assim, todo o comentário que será feito aqui procura ser bastante cuidadoso, buscando na verdade a mensagem principal das revelações do Apocalipse. Tentar ir muito além disso é especulação muito perigosa, que pode levar as pessoas ao erro e a muitas decepções. 

Quando o Cordeiro,  Jesus, começa a romper os selos do rolo,  o primeiro selo revela um cavalo branco, cujo cavaleiro é apresentado usando uma coroa, como um vencedor determinado a vencer.

No conjunto dos quatro cavaleiros do Apocalipse, a cor é fundamental: vermelho para a guerra, preto para a fome, amarelo para a morte; não seria diferente para o branco, que interpretado à luz de outras passagens do Apocalipse onde esta cor aparece, pode seguramente ser associado a Jesus Cristo e a aspectos do Reino de Deus (Apocalipse 1:14; 2:17; 3:4, 5, 18; 4:4; 6:11; 7:9, 13; 14:14; 19:11, 14; 20:11); assim, uma interpretação plausível para o cavalo branco pode ser  a mensagem do Evangelho, pregada primeiramente por Jesus Cristo, depois por seus apóstolos, saindo pelo mundo e conquistando pessoas para Deus; esta interpretação pode ser apoiada por Mateus 24:14 e Marcos 13:10, onde o Evangelho aparece sendo pregado a todas as nações, antes do fim  (Apocalipse 6:1 e 2). (1) 

O segundo selo apresenta um cavalo vermelho, cujo cavaleiro recebeu poder para tirar a paz da terra, fazendo com que os homens se matassem uns aos outros; é o símbolo da guerra, e também pode ser interpretado como sinal dos conflitos sociais e da violência ao longo da História (Apocalipse 6:3 e 4). 

A abertura do terceiro selo traz um cavalo preto, e seu cavaleiro traz uma balança; uma voz é ouvida dizendo: “Um quilo de trigo por um denário; e três quilos de cevada por um denário, e não danifiquem o azeite e o vinho!” (O denário equivalia ao pagamento de um dia de trabalho para um trabalhador braçal). Este cavalo preto e seu cavaleiro representam escassez (Apocalipse 6:5 e 6). 

Após a abertura do quarto selo aparece um cavalo amarelo, cujo cavaleiro chama-se Morte, e é seguido pelo Hades (palavra grega que corresponde ao Inferno); no texto, a Morte atinge as pessoas pela guerra, pela fome, por pragas e por animais selvagens (Apocalipse 6:7 e 8).


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 (1) - LADD, George "Apocalipse - introdução e comentário", Ed. Vida Nova, 1ª ed. 1980, reimpressão 2011, pg. 73 - 75



quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Série de Estudos sobre o Livro de Apocalipse - introdução

por: José Augusto de Oliveira Maia
07.08.2014







A partir deste texto, estaremos apresentando uma série de estudos bíblicos baseados no Livro do Apocalipse; esta série foi primeiramente estudada na Igreja Batista da Lapa, em São Paulo, no ano de 2.008, com base no comentário bíblico de George Ladd, publicado pela Editora Vida na série Cultura Bíblica.

O Apocalipse do Apóstolo João é um livro que contém inúmeras figuras, algumas de difícil interpretação; sendo assim, não é prudente tentar interpretar o significado delas isoladamente, o que pode induzir o leitor a erro; o caminho mais seguro é concentrar-se na mensagem fundamental do livro, e interpretar suas figuras de modo conjunto e contextualizado no próprio texto do livro, bem como com toda a Bíblia.

Considerações iniciais sobre o Livro de Apocalipse

Tradicionalmente, o Livro do Apocalipse, presente nas Bíblias aceitas tanto por católicos quanto por evangélicos, é atribuído ao apóstolo de Jesus Cristo chamado João, filho de um homem chamado Zebedeu. O Apocalipse foi escrito por volta do ano 95 d. C., quando Domiciano era imperador romano; o ambiente não era muito positivo para os cristãos daquele final do primeiro século, pois eram perseguidos pelas autoridades do governo; por conta desta perseguição, João estava preso em uma ilha do Mar Mediterrâneo, chamada Patmos (veja Apocalipse 1:9).

No primeiro capítulo, João dirige-se a sete igrejas localizadas em sete cidades na região da Ásia Menor, onde hoje é a Turquia; ele dedica este trabalho como uma mensagem especial a elas (Apocalipse 1:4 - 8), que receberão também uma correspondência individual, que consta no próprio Apocalipse.

Sete cartas para sete igrejas

A primeira carta, dirigida à igreja da cidade de Éfeso, mostra-nos uma igreja muito zelosa pelos ensinos da fé cristã, e que suportou uma grande perseguição (Apocalipse 2:1 a 3); sobre a repreensão de ter abandonado seu primeiro amor (Apocalipse 2:4), podemos ter uma ideia de como esta igreja fora mais fervorosa antes do que na época em que João escreve, olhando alguns trechos de outra carta escrita a eles, pelo apóstolo Paulo, por volta do ano 62 d. C. (Efésios 1:5; 2:11 a 13, 19, 20; 4:1 a 3, 25).

Sobre os nicolaítas presentes nesta igreja, eram pessoas que, apesar de se reunirem com aquela comunidade cristã, praticavam a prostituição, dizendo que isso não era pecado, e queriam ensinar outras pessoas daquela comunidade a fazerem a mesma coisa. Aqueles da igreja em Éfeso que eram cristãos verdadeiros odiavam esta práticas (Apocalipse 2:6).(*)

A segunda carta, dirigida à igreja da cidade de Esmirna, fala a uma igreja que recebeu muitas graças da parte de Deus (Apocalipse 2:9); é mais uma igreja que suportou fielmente a perseguição; a comunidade é estimulada a permanecer fiel até a morte, mesmo debaixo da violenta perseguição que continuaria sofrendo (Apocalipse 2:10); o bispo daquela igreja, Policarpo, foi martirizado no ano 155 d. C..

A igreja da cidade de Pérgamo, a quem João dirige sua terceira carta, era mais um exemplo de uma comunidade cristã fiel a Deus, apesar da perseguição; também tinha em seu meio nicolaítas, e pessoas que ofereciam sacrifícios aos deuses pagãos romanos (Apocalipse 2:12 a 17).

Os nicolaítas eram uma presença negativa tanto em Éfeso quanto em Pérgamo, onde encontramos a presença dos seguidores de Balaão, praticantes da idolatria e de imoralidades sexuais; no caso específico de Pérgamo, parece que as práticas dos dois grupos se assemelhavam, conforme II Pedro 2:9 - 22.

Historicamente, Eusébio, bispo de Cesareia (270 - 340), cita os nicolaítas em sua obra "História Eclesiástica", escrita no século IV, fazendo referência a Clemente de Alexandria (155 - 225), apologeta cristão, que em sua obra "Stromateis" diz que Nicolau, diácono da igreja (Atos 6:5), teria entregue sua esposa à prostituição; Eusébio afirma que outros seguiram sua prática em prostituição, daí serem chamados de nicolaítas; ainda segundo Eusébio, tal grupo durou pouco tempo, e as informações disponíveis são escassas.

F. F. Bruce, em seu "Comentário Bíblico NVI", interpreta literalmente "nicolaítas" como "seguidores de Nicolau", mas considera o Nicolau diácono apenas como uma hipótese levantada não só por Clemente de Alexandria, mas também por Irineu (130 - 200); sobre as práticas do grupo, "aparentemente eles afrouxaram as condições estabelecidas pela carta apostólica de Atos 15:20, 29", relativa à idolatria, à imoralidade sexual, e a comer carne com sangue; tais práticas podem ser comparadas em Apocalipse 2:14, 15.

Em sua quarta carta, dirigida à igreja da cidade de Tiatira, João elogia a igreja como uma comunidade fiel e esforçada; infelizmente, também era perturbada pelos nicolaítas e por outros falsos cristãos, e por isso, eles receberam a ordem de se manterem fiéis aos ensinos cristãos que tinham recebido (Apocalipse 2:18 a 29).

Ao contrário das cartas anteriores, a quinta carta, dirigida à igreja de Sardes, mostra uma igreja diferente das outras; apesar de aquela comunidade ter uma boa fama entre os cristãos, a palavra de Deus a ela é de repreensão, pois ela não é fiel como deveria ser; isso mostra que o julgamento de Deus é diferente do nosso, pois Ele enxerga coisas que nós humanos não percebemos. A comunidade é advertida a arrepender-se, seguindo o exemplo de uns poucos membros que eram fiéis, aos quais é prometida a vida eterna com Deus e Seus anjos (Apocalipse 3:1 a 6).

A igreja da cidade de Filadélfia, a qual João escreve sua sexta carta, é uma igreja que mesmo em meio a muitas dificuldades, permaneceu fiel a Deus; falsos judeus que perseguiam aquela igreja receberam castigos de Deus; e a comunidade recebe a promessa da proteção de Deus, e um estímulo a permanecer no Seu caminho (Apocalipse 3:7 a 13).

Já na cidade de Laodiceia, temos uma comunidade que, apesar de se chamar cristã, vive enganando a si mesma, mas não engana a Deus; por isso, os membros daquela comunidade são advertidos a mudar de vida e serem fiéis a Deus (Apocalipse 3:14 a 22).

O conjunto das cartas escritas a estas igrejas reflete a mensagem central do Apocalipse; um juízo de Deus sobre toda a Criação é esperado, trazendo redenção final para a Igreja de Cristo, e um castigo definitivo para a Humanidade rebelde; sendo assim, aqueles que são fiéis a Deus são encorajados à perseverança, sob a promessa da felicidade eterna ao lado de Deus; em contraposição a isso, os rebeldes são exortados ao arrependimento e abandono de uma vida de pecado, convertendo-se a Deus, sob o risco de sofrerem a ira de Deus e a condenação eterna ao lago de fogo (Apocalipse 20:7 a 15).

(*) - sobre as práticas dos nicolaítas, consultei as seguintes fontes: LADD, George "Apocalipse - introdução e comentário", Ed. Vida Nova, 1ª ed. 1980, reimpressão 2011, pg. 32, 37 - 39; BRUCE, F. F. "Comentário Bíblico NVI", Ed. Vida Nova, pg. 2.223; SANTOS, João Batista Ribeiro "Dicionário Bíblico", Ed. Didática Paulista, 2006, pg. 343, 344


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