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sábado, 22 de março de 2014

Quem é o Ungido do Senhor?

Acesse o link abaixo e assista ao vídeo da pregação "O pecado te ameaça à porta 2".

https://www.youtube.com/watch?v=9UTr0MVZbpQ

por: José Augusto de Oliveira Maia 

23.03.2014 


Estamos aqui diante de um dos termos mais comuns no chamado meio evangélico brasileiro, ou seja, o conjunto de pessoas que se denominam evangélicas, por frequentarem ou serem membros de alguma das infinitas igrejas ditas evangélicas do Brasil: Ungido do Senhor. Uma expressão tão frequente em nossos lábios, sem dúvida, requer uma atenção especial de nossa parte. 

Primeiramente, entendo ser importante compreendermos o significado do termo unção, sem a qual, não existe ungido nenhum. 

Explicando o termo unção 

O termo ungir expressa a prática de se aplicar sobre alguém, ou sobre algum objeto, algum tipo de óleo; este hábito era comum no Oriente Médio na Antiguidade; em termos bíblicos, o ato de ungir algo ou alguém representa, de maneira geral, a separação do objeto ou pessoa ungida para um serviço religioso ou espiritual (Êxodo 30:22 - 28; 40:12 - 15); outras aplicações ao ato de ungir podem ser encontradas na Bíblia, como no caso citado em Tiago 5:14, sobre a unção dos enfermos(1). 

Para nosso estudo aqui, vamos nos concentrar na unção como separação de alguém para o serviço dedicado a Deus. 

Quem era ungido? 

Dentre os exemplos de pessoas que eram ungidas na Bíblia, podemos citar os sacerdotes da Antiga Aliança da Lei, como Arão (Levítico 8:12), profetas de Deus, como Eliseu (I Reis 19:17), e reis, como Saul (I Samuel 10:1), Davi (I Samuel 16:13) e Jeú (II Reis 9:1 - 3). No caso dos reis, há um detalhe importante: tanto Davi quanto Jeú não eram os sucessores naturais dos reis que estavam no poder - Saul, no primeiro caso, e Jorão, no segundo - pois não eram filhos destes reis; quanto a Saul, não estava sucedendo nenhum rei; mas eles foram ungidos por profetas de Deus, como sinal da escolha que o próprio Deus havia feito deles para serem reis de Israel. 

Davi e o Ungido do Senhor 

Seguramente, a atitude mais conhecida de alguém em relação ao Ungido do Senhor é a de Davi em relação a Saul; o bravo pastor e guerreiro de Israel teve Saul duas vezes nas mãos, podendo matá-lo e livrar-se da perseguição que este lhe dedicava, mas não quis fazê-lo (I Samuel caps. 24 e 26); sua atitude resume-se nesta sua frase: "...eu não levantaria a mão contra o ungido do Senhor." (I Samuel 26:23, cf. 24:10, 13). Davi poupou a vida de Saul, mas ainda assim deixou bem claro que esperava que Deus julgasse entre eles, devido à injusta perseguição que Saul lhe dedicava (24:8 - 13). Davi não queria matá-lo, mas conhecia os caminhos ímpios de Saul, e invocou sobre ele o juízo de Deus. 

Mas a atitude de Saul também não deve passar despercebida; se da primeira vez Saul reconheceu que Davi seria aquele que o sucederia como rei, nem por isso deixou de continuar sua perseguição, mesmo sabendo que estava pecando (26:21); com certeza, não era desconhecido a Saul que Samuel o havia ungido por ordem de Deus. 

Voltando nossa atenção para Saul, o que podemos ver? Um Ungido do Senhor que cedo começou a desobedecê-Lo (I Samuel 13:1 - 15), e que portanto, deveria ser substituído; outra vez desobedeceu no caso de Agague e dos amalequitas, mostrando que não havia aprendido nada com a primeira lição (I Samuel cap. 15); por causa disso, o Espírito de Deus afastou-se deste Ungido do Senhor (I Samuel 16:14); em lugar de arrepender-se e humilhar-se diante de Deus, invejou Davi e procurou matá-lo de diversas maneiras (I Samuel caps. 18 e 19); um Ungido do Senhor, que em sua loucura, matou os sacerdotes Ungidos do Senhor em Nobe, e os habitantes da cidade, que nada tinham a ver com a inveja que nutria por Davi (I Samuel 22:6 - 19); um Ungido do Senhor, que diante de Seu silêncio, consultava adivinhos (I Samuel 28:7 - 10; cf. Levítico 19:26, 31; 20:6, 27), como qualquer pagão! 

Não, Davi de fato não precisava estender suas mãos contra Saul; Deus já havia feito isso, em função de suas desobediências; a promessa de suceder Saul no trono como escolhido de Deus já lhe havia sido dada (I Samuel 16:1 - 13), Deus já não respondia a Saul (I Samuel 28:3 - 6), e por fim, a trágica morte de Saul veio por suas próprias mãos (I Samuel 31:1 - 4).

Quanto a Davi, também Ungido do Senhor, também precisou ser repreendido, como no caso do adultério com Bate-Seba (II Samuel 11 e 12), mas sua postura foi muito diferente da atitude de Saul! Nenhum Ungido do Senhor está livre de pecar, quanto mais de ser repreendido! 

A unção do Santo 

Hoje, debaixo da Nova Aliança, manifesta em Jesus, Deus inspira o apóstolo João e diz à Igreja de Cristo: "Mas vocês tem uma unção que procede do Santo, e todos vocês têm conhecimento." (I João 2:20); mas a quem João escrevia? A pastores? A apóstolos? A missionários? Não, pois sua epístola não é endereçada a nenhum grupo em especial, mas a discípulos de Cristo, filhos de Deus, novamente gerados (João 3:3); com isso concordam as palavras do apóstolo Paulo quando diz: "Ora, é Deus que faz que nós e vocês permaneçamos firmes em Cristo. Ele nos ungiu, nos selou como sua propriedade e pôs seu Espírito em nossos corações como garantia do que está por vir.", e do apóstolo Pedro, ao dizer: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança que jamais poderá perecer, macular-se ou perder o seu valor. Herança guardada nos céus para vocês que, mediante a fé, são protegidos pelo poder de Deus até chegar a salvação prestes a ser revelada no último tempo." (II Coríntios 1:21, 22; I Pedro 1:3 - 5). Portanto, com muita alegria, todos os filhos de Deus podem dizer: "Somos todos ungidos do Senhor!". 

Saul conta com muitos seguidores hoje; mercenários que usurpam o pastorado do Rebanho de Deus, mentem do alto de seus púlpitos, proclamam-se profetas, mas causam repulsa aos olhos de Deus! Contra estes, advertiu o apóstolo Paulo, dizendo: "Sei que, depois da minha partida, lobos ferozes penetrarão no meio de vocês e não pouparão o rebanho. E dentre vocês mesmos se levantarão homens que torcerão a verdade, a fim de atrair os discípulos. Por isso, vigiem!" (Atos 20:29 - 31). Ai destes Sauls modernos, que achando-se tão especiais em sua cegueira, rejeitam as advertências que a Palavra de Deus levanta contra eles! 


A vida de Saul nos dá uma lição dolorida, mas que grita em alto e bom som: ai daqueles que, apegando-se a um suposto título de "Ungidos do Senhor", em função de seus cargos pastorais, episcopais, e supostamente apostólicos, fazem de suas vidas o que bem entendem, enchem a Igreja de Cristo de escândalo e vergonha aos olhos do mundo, e ameaçam todos dizendo: "Ai daquele que tocar no ungido do Senhor!" Se Deus lhe deu alguma unção, esta não é maior que a unção dada a todos os Seus filhos, gerados em Cristo, e não é para ser arrastada na lama do pecado, da blasfêmia e da arrogância; sobre aqueles que assim agem, sem arrependimento, a lição e a condenação que caiu sobre Saul.


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Referência bibliográfica

ELWELL, Walter A. “Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã” – Tradução de Gordon Chown - Ed. Vida Nova – 1ª edição, reimpressão em 1 volume, 2009 – volume 3, pg. 588




sábado, 8 de março de 2014

Interpretando as alegorias bíblicas


por: José Augusto de Oliveira Maia
06/03/2014
Um assunto que desperta o interesse de muitas pessoas é a interpretação dos textos da Bíblia; na teologia, essa interpretação recebe o nome de exegese. 

Basicamente, há duas formas de se fazer exegese da Bíblia: a alegoria e a tipologia. 

A tipologia é um método de interpretação bíblica que concentra-se em:

* o significado gramatical das palavras do texto

* o contexto histórico do texto

Já o método alegórico, por sua vez, interpreta o texto bíblico além de seu sentido básico e original, tentando encontrar um sentido oculto por trás das palavras do texto; aplicado às narrativas bíblicas, este método corre o risco de desconsiderar a veracidade histórica dos fatos narrados, podendo vir a compreender o texto como mera tradição religiosa; se isto for aplicado à Bíblia como um todo, ela poderá ser, equivocadamente, classificada como mera expressão religiosa e cultural de uma época, sem valor para os dias de hoje, e sem autoridade como Palavra de Deus.

Infelizmente, este tem sido o caminho em muitas das igrejas evangélicas, e até mesmo em igrejas históricas, originadas na Reforma do século XVI. Imagine o leitor o que poderá ocorrer se narrativas fundamentais para a fé cristã, como a criação do mundo por Deus, a queda de Adão e Eva, o Êxodo, o ministério terreno de Cristo (seu nascimento virginal, seus milagres e pregação, sua morte e ressurreição), forem interpretadas como mera tradição religiosa, sem valor histórico...acusarão os cristãos de alicerçarem sua fé em lendas, desprovidas de verdade histórica!

Sendo assim, ao contrário do método tipológico, a interpretação alegórica dos textos históricos da Bíblia não contempla de forma adequada os princípios fundamentais da interpretação bíblica:

*  autoridade da Bíblia e autossuficiência para sua interpretação

*  a necessidade do novo nascimento (João 3:5 - 10)

*  submissão da experiência pessoal à autoridade da Palavra de Deus

*  interpretação simultaneamente literal, contextualizada e atualizada

Assim, o problema do método alegórico é interpretar como alegoria o que não é alegoria, e ir além do significado original do texto; o risco de se atribuir aos textos da Bíblia um significado que eles não têm, é o desvirtuamento da mensagem da Palavra de Deus ao Homem.

Mas a alegoria, como linguagem figurada, também está presente na Bíblia, como podemos ver no livro de Cantares, nos textos dos profetas do Antigo Testamento e no Apocalipse.

No caso das alegorias dos profetas, elas devem ser interpretadas dentro do contexto da profecia, analisando-se o contexto histórico em que ela é proferida, e assim se compreender corretamente seu significado. 

Já para o Apocalipse, a tratativa é mais delicada; primeiramente, deve-se levar em conta que a mensagem apocalíptica central é clara: haverá um juízo final de Deus sobre Sua criação, quando os ímpios serão levados para um castigo eterno, e os salvos em Cristo serão resgatados para habitarem para sempre com o Senhor; as alegorias presentes no texto devem ser interpretadas no contexto da mensagem original do livro, e nunca isoladamente umas das outras. Além disso, para a interpretação do Apocalipse, prevalece o princípio básico de que nenhuma interpretação de uma parte da Bíblia pode ser legítima se contrariar o sentido geral das Escrituras.

Quanto às alegorias presentes em Cantares, para a tradição judaica elas representam a relação entre Jeová e Israel; a tradição cristã as interpreta como linguagem simbólica do amor de Cristo pela Igreja.(1)

Por último, reforçamos o princípio fundamental à interpretação bíblica, de que qualquer texto bíblico deve ser sempre interpretado dentro do sentido geral das Escrituras, fora do qual nenhuma interpretação da Bíblia é válida.


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 - DAVIDSON, F. “O Novo Comentário da Bíblia” – Ed. Vida Nova